22/01/14


Filhos favoritos

por João Miguel Tavares, em 21.01.14
Por causa deste Diálogos em Família, os leitores levantaram uma velha questão, mas que realmente nunca abordámos neste blogue:

E pode acontecer amar-se mais um filho do que outro?

Só consigo responder a partir da minha experiência pessoal, como é óbvio, e no meu caso a resposta é não, ainda que com nuances. Ou seja, não, não consigo dizer que gosto mais de um filho do que do outro, e no pacote até já incluo a Ritinha. E digo "já incluo a Ritinha" porque acho que a ligação a um bebé vai evoluindo com o tempo. Eu não tinha com ela aos três meses a mesma relação que tinha com os outros, mas hoje, a caminho dos 17 meses, já faz definitivamente parte da pandilha.

Quais são as nuances, então? As nuances têm a ver com compatibilidades de feitios, que certamente se irão aprofundar com o correr do tempo. Com quatro filhos, uns terão gostos e personalidades mais próximos dos meus, e é natural que, a partir daí, desenvolva mais afinidades com uns do que com outros. Tal como é possível que determinados filhos tenham carácteres mais marcados e meritórios (o Tomás, neste momento, tem uma sensibilidade comovente, quando comparada com a dos outros irmãos). Isso não implica a canalização de mais amor para A do que para B, mas sim diferenças inevitáveis nas relações entre nós.

É, aliás, o sentido da abordagem da anónima que comentou a 20.01.2014 às 16:37, na qual me revejo:

Eu tenho dois filhos que amo da mesma maneira. Eles estão a ficar crescidos e cada um está a ganhar a sua personalidade e a verdade é que um deles se enquadra mais na minha e eu na dele.

Amo os dois igual, tenho a certeza, mas dou-me melhor com um deles, converso mais... Saímos juntos, vamos passear... O outro não gosta de ir, prefere ficar em casa... Não estou a preterir o outro, não mesmo. É mesmo uma questão de personalidades.

Visto de fora, acho que pode parecer que "gosto" mais de um do que do outro, mas não é verdade, e quando falamos nisso lá em casa, eles próprios sabem que há diferenças, sim, mas não no amor, apenas no relacionamento, porque somos todos diferentes uns dos outros!

Suponho que alguma coisa destas se possa vir a passar comigo, ainda que por enquanto a família ande toda atrás uma da outra.

Mas diferenças reais no amor? Basta ver a nossa reacção instintiva quando achamos que algum - qualquer um - se magoou. Estou certo que a velocidade a que saímos disparados é igual para todos eles. E há-de ser assim, suponho, até que estejamos caquéticos e já não consigamos correr.

A revista brasileira Isto É tem aqui um bom texto sobre esse tema. E um gráfico que vai ao encontro ao que aqui estive a dizer:

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